quinta-feira, 22 de julho de 2010

Amante de Santa

Nunca durmo muito
Por que muito durmo eu tanto
Quando perco a voz do canto
Quando a tinta resta à pena
E escrevo à pequena
Da mais doce virgem santa
Que nos sonhos entre tantas
Faz de mim coisa relenta

E me pisa com orgulho
Só pra ter a voz no rosto
E nos olhos o meu gosto
De me ver sacrificado
Santa cheia de pecado
Vê a prece do seu moço
Antes que lhe fique o osso
Sem deixar o seu recado

Vim rasgar-me nos teus braços
Mas a ti só tenho a SORTE
De talvez ganhar a morte
Nas loterias da vida
Como coisa prometida
Eu te coloquei na mente
Por que o peito já não sente
A dor que traz na batida

Uma santa concebida
Pra fazer em mim ruindade
Num tem gente que maltrate
Um cabloco adormecido
Como o seu amor vendido
Que lhe entrega crueldade
Como faz a humanidade
Quando diz amar alguém

Mas não imito ninguém
Entre tanta regalia
Eu prefiro o desgosto
De amar santa na dor
Do que ver a burguesia
Guardar todo seu pudor
Por não ter a poesia
De pecar e ser feliz

Pois não há gente que diga
Mesmo com benção de padre
Ou com reza de pretinha
Eu vos digo de verdade
Que um dia Deus acabe
Com a santa que foi minha
Nos meus sonhos eu a tinha
Toda cheia de maldade.