segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sobre os segredos de liquidificador numa tarde de segunda-feira às três da tarde.





Daqui a pouco estarei eu na praia, correndo, correndo, firmando-me no espaço, cabeça sudoeste, tempo vago, sem cores e talvez sem coração.
Queria que o pulsar não atinjisse as minhas veias mas vibrasse metronica e compassadamente o meu ser. O meu espírito ser.
Quando sentir a brisa meio fria da costa leste que me banha todos os dias, quero tornar-me ar, rasgando as esteias que me prende ao chão, forjando-me contra o meu verdadeiro ser.
Poderia talvez, quem sabe, sentir mais, bem mais, muito mais afundo do que pudera eu, na minha complexidade tão volúvel sentir...
Queria um sorriso da melhor idade ou um choro de um bebê que não sabe o que quer.
Queria ver o mundo sendo ele próprio ou sendo eu próprio.
Gostaria de ver as pessoas mais doces, as vidas mais mansas e o mundo mais livre.
Queria eu ser um Deus, mas me gratifico por demais por ter a certeza que sou parte de um.
Nesta tarde, quero que o vazio se preencha todo dentro de mim.
Nessa tarde, quero eu não ser ninguém, quero querer o querer da forma mais ardente e sedenta possível.
Quero não me ter em pensamento e me ter na cabeça de alguma menina que ainda não me tem.



Bruno Falcão