sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Relógio do meu Pai


O relógio do meu pai tem tons e baques
Que o tempo não segura seu compasso
O relógio do meu pai é cor de aço
E se finca firme forte em tique-taques
O relógio do meu pai é o meu ponteiro
Quando deito em seus braços taciturnos
É o cansaço do meu pai – sonhos noturnos
Acalanto que me toma por inteiro
O relógio do meu pai é o meu pai
Que me beija a noite em tempos de euforia
É remédio à dor que eu sinto todo dia
É a sombra fria quando o sol se vai
O relógio do meu pai é tão valente
Tem vacina contra oxidação
É um touro que feroz, corre contente
Bem na palma quando eu pego em sua mão
O relógio do meu pai não bate mais
Mas o tempo não o faz ficar mais velho
Um relógio que é meu mundo e hemisfério
Que me rege ao norte certo toda vida
É amor que traz a cor na sua batida
E me fazer ficar mais jovem sendo velho

1 de Outubro, 2012.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Amor Noturno


Eu sou noturno, amor, que nem as chamas
Das velas que ascendem rumo ao cais
Dos ventos, os que sopram, quando chamas
Eu sou, amor, o amor de carnavais

Menti, amor, não só o que tu amas
Menti, pra ver de perto com quem vais
Menti pra ver no verde, ao jogo enganas
Se eu jogo o verde, o azul do mar não trás

Amor, meu pouco amor, que reza os versos
E corta com o punho, o sangue espesso
Meu peito já não quer bater por ti

Eu fujo do futuro, eu choro, eu peço
Calado, inerte, vago, sujo eu meço
A estrada eu já tracei, preciso ir


João Pessoa, 27 de Setembro de 2012.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Those Ladies



Where are those ladies who stopped the world and drank some wine
The ladies who sttoped the world like Jesus Christ
Where are those ladies who made me feel again
That dreaming couldn’t been in vain
Those ladies who stopped the world and drank some wine

I tell old revolucion tales for my Darling
Some fable that my daddy initiate
When i was a child
When the world was mine

Where are those ladies who stopped the world and drank some wine
I have a feeling that the world is saying goodbye
But I can not believe what's happening
But I can believe what’s happening

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Rosa do Céu



Se faço não passo
O passo que eu fiz

Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

A calma demora
Mas logo me diz

Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

Escuto os roncos de sede do belchior
E Deixo pra trás o meu mundo inteiro pior

Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

A tarde é tão linda, o sol se recicla...
O dia parece se atar como um laço de fita

Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

De asas abertas, no alto, um pequeno gigante
Que me abraça apertado feito porca de roda gigante

Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

As lágrimas parecem cansar o menino taciturno
Mas ele de longe percebe que o amor é noturno


Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

O sorriso é um presente completo
Minha mãe me chama


Vejo um pedaço de fogo no azul do céu poente

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Equações geladas




De acordo com alguns poucos vastos pensamentos, a racionalidade e cientificidade das coisas mundanas como um beijo apaixonado, ou mesmo o voo cinético de borboletas loucas, mergulhadas no meu ácido clorídrico estomacal me fazem acreditar que tudo provém, lamentavelmente de meras e fugazes equações hormonais. A frieza cálida de alguns poetas da segunda geração romântica, o suspiro louco de seres que amam platonicamente, uma taça de vinho, marcas de batons vermelhos em guardanapos e os tão intensos arrepios de ciúme me fazem falta. A mansão de tudo aquilo que habito no peito tem me tornado vago e inerte como um sorvete aguado. A felicidade parece existir nas coisas simples, mas a simplicidade das coisas me nega fogo. Mas eu pensei: sendo eu um sorvete aguado afim do fogo da simplicidade,..(passando as variáveis pro outro lado da igualdade), ficarei eu só água. Água complexa.

domingo, 4 de março de 2012

Sobre perfumes e rochas



De ventos as rochas se moldam e o brilho do corpo se exala
De fogo, perfumes misturam as vozes que o corpo não cala
Já bem louca se faz ao coração mentir
E a menina perdeu-se em si

Nos claros vermelhos do sol, poente e distante ela grita
E geme na dor pra cantar no prazer, regojiza..
O viver é lantente e a febre nasceu pra sorrir
E a menina perdeu-se em si

No meu pranto se faz colo e eu deito ardente
De saudade em presença, saudade latente
E no fim, tão distante
Sou dela, ela flor, eu jardim
Perdi-me de mim