sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Relógio do meu Pai


O relógio do meu pai tem tons e baques
Que o tempo não segura seu compasso
O relógio do meu pai é cor de aço
E se finca firme forte em tique-taques
O relógio do meu pai é o meu ponteiro
Quando deito em seus braços taciturnos
É o cansaço do meu pai – sonhos noturnos
Acalanto que me toma por inteiro
O relógio do meu pai é o meu pai
Que me beija a noite em tempos de euforia
É remédio à dor que eu sinto todo dia
É a sombra fria quando o sol se vai
O relógio do meu pai é tão valente
Tem vacina contra oxidação
É um touro que feroz, corre contente
Bem na palma quando eu pego em sua mão
O relógio do meu pai não bate mais
Mas o tempo não o faz ficar mais velho
Um relógio que é meu mundo e hemisfério
Que me rege ao norte certo toda vida
É amor que traz a cor na sua batida
E me fazer ficar mais jovem sendo velho

1 de Outubro, 2012.

3 comentários:

  1. Você sabe o valor e o privilégio que é ter pais do lote da nova era, neh? Lindo o poema!

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  2. É devemos ser sempre aquelas velhas crianças de sempre, quando perto deles estivermos. Tu sabe do que eu falo, tens cara de quem faz poesia com um abraço apertado!

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    1. Sei porque sinto da mesma maneira sensível, o toque delicado da vida. E traduzir esses momentos em palavras é artifício apenas dos poetas... e poetas somo todos, nos todos somos poetas.

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