sábado, 27 de agosto de 2011

Nossa Senhora dos prematuros




Sonhei que sonhava que morria
No celeiro do sertão do cabrobó
Minha vida como um filme transcorria
Num passadotão distante e seco e só

Vi meu pai - tão doce a face que sorria -
No rebento que me fez deixar o pó
Minha mãe deitada linda - já dormia -
Quando ao ventre lhe cortaram o meu nó

Foi a morte que bateu em minha porta
A mais negra peste desta minha horta!
Que ao chão já não mais pode enraizar

Ouvi da mãe celeste o grito: - Filho volta!
Dou-te os anjos para te fazerem escolta
Tua vida há de apenas começar!

23 de Agosto de 2011

Um comentário:

  1. brunito, gostei muito desse teu texto. principalmente porque vi recentemente um documentário sobre gravidez de fetos anencéfalos, complicadíssima...
    a gravidez é um processo lindo, que envolve dois seres, e inúmeras perspectivas...
    e não deixa de ser emocionante a perspectiva do feto que morre para poder viver, que vive pra poder morrer...
    parabéns pela sensibilidade.
    beijos :)

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